Por que pessoas rejeitam legumes feios e o que isto tem a ver com relações humanas?

Por que pessoas rejeitam legumes feios e o que isto tem a ver com relações humanas?

A rede de supermercados francesa Intermarché lançou uma campanha provocativa visando reduzir o desperdício de alimentos. As lojas oferecem descontos de até 30% para quem levar para casa legumes e frutas considerados “feios”. Iniciativa nobre, dado que cerca de 60% da produção de vegetais no planeta é perdida (pesquisa ONU) simplesmente porque as pessoas desprezam os “não geometricamente perfeitos”. 

Metaforicamente, no campo das relações humanas, imagine a quantidade de oportunidades de parcerias perdidas devido á duvidosa primeira impressão de que o outro não é “aquilo que a gente achava que devia ser”?

Ainda é comum, no mundo corporativo, no qual as disputas por espaço e poder ocorrem muitas vezes silenciosamente, pessoas a priori considerarem outras como adversárias e não parceiras, apenas pela existência de diferentes formas de pensamento ou posicionamento. É claro que isto prejudica o clima organizacional e a própria produtividade da equipe.

Há alguns anos, quando eu era executivo de uma Escola de Aviação, fiz um curioso experimento visando testar uma solução para resolver animosidades gratuitas em ambientes de trabalho. O desafio era colocar deliberadamente juntos, em treinamentos de sobrevivência na selva, alunos com visível (ou velada) rejeição mútua.

Pois bem, quando chegavam àquelas situações de perigo (controlado), nas quais o medo de sucumbir aparecia, eis que acima das idiossincrasias sem razão, brotava nos grupos o sentimento de apreço mútuo, logo dissipando as diferenças e fazendo emergir ações de solidariedade e companheirismo.

Certamente muitas tripulações que hoje estão voando hão de se lembrar de como aqueles treinamentos foram além dos protocolos de segurança física. Eles venceram os preconceitos interpessoais e se tornaram cidadãos mais afáveis, tolerantes, amigos. Aprenderam a não descartar os “legumes” apenas pela mera aparência ou pré-conceitos. O desafio está posto à todos nós, sempre.

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